Precisamos mesmo de usar produtos de plástico descartáveis?
O que leva os cidadãos a procurarem alternativas ao plástico, a recusar sacos plásticos, água engarrafada em plástico, produtos de usar e por fora como copos de plástico descartáveis? Não será o mesmo?
Desafio, se têm algum amigo(a) que já o faz, em vez de o “apontar” como totó armado em ambientalista, sim gostamos muito de apontar dedos uns aos outros, vai se lá porquê, procurem conhecer os seus motivos e razões. E que tal aprender com ele? Melhor ainda, peçam: toca-me o coração com os motivos que te levam a agir!
Todos temos a aprender com os outros, por isso parece-nos um pouco estúpido nos acusarmos, em vez de perceber o porquê “diferente” que move outros, ou será que não? Se todos nós tivéssemos a humildade para admitir a nossa ignorância, sim não podemos saber tudo, mas querendo podemos saber mais, talvez muitos produtos já tivessem sido “banidos” das prateleiras do mercado português, pelo simples facto de os consumidores os recusarem pela sua liberdade de escolha, e não por se sentirem “obrigados”, levando inevitavelmente à revolta e indignação de muitos.
Virou “moda” a guerra contra o plástico?
O Plástico tornou-se num dos resíduos que mais impacto tem no ambiente, seja pela continua extracção de recursos naturais não renováveis, pela forma como é produzido, usado, descartado e até mesmo reciclado. E se formos pesquisar sobre Incineração, queima de plástico nos aterros sanitários para produzir energia, que é tudo menos limpa, será que vamos ficar com os cabelos em pé? Sejamos curiosos também para nos questionarmos sobre isso.
Poderíamos apresentar uma lista de múltiplos motivos que justificam o acto de recusar produtos descartáveis de plástico, no entanto, e no sentido de começarmos a questionar o acto “usar e por fora”, focaremos apenas a origem, e não nos impactos que advêm do pós-uso e descarte. Porque se mudarmos a origem, a causa, certamente os impactos e efeitos também mudam. “Remendar” os efeitos não é solução. “Descartável não é Sustentável“
O Descartável e a Natureza
Recentemente, ouvimos uma exposição de um biólogo brasileiro que nos alerta sobre a importância de “tocar” pessoas ao falar sobre conservação. Cientistas e ambientalistas têm a tendência de usar apenas números quando comunicam com o público, e segundo ele isso não é suficiente, é preciso usar sentimentos, é preciso falar de amor, e não podemos deixar de concordar quando ele nos diz: “No final das contas, nós vamos conservar apenas o que amamos, nós amamos o que conhecemos e conhecemos apenas o que nos é ensinado’”. Para curiosos: https://www.youtube.com/watch?v=S0rhj3z6e28
E o que amamos afinal? Amamos mesmo a Natureza, ou apenas vivemos na ilusão de pensar que amamos? Amamos as nossas crianças? Sentimos compaixão e empatia pelos que sofrem nas guerras do petróleo, pelos “escravos” que trabalham para nós termos o “luxo” de usar e por fora? Onde está o nosso coração nesta história e que argumentos são precisos para que ele seja tocado e possa “despertar”?
Vivemos num tempo em que a sociedade sem pensar tornou a Natureza descartável e as pessoas descartáveis. Parece um pouco forte esta afirmação, não? Mas é preciso percebermos o seu fundamento.
Van Jones nos alerta sobre esta questão, A injustiça social e económica do plástico“(…) a raiz deste problema é a ideia do descartável. Para contaminar o planeta temos de contaminar as pessoas. Não temos recursos descartáveis. Não temos espécies descartáveis. E também não temos pessoas descartáveis. Não temos um planeta nem crianças que possamos deitar fora. Tudo é precioso”.
Depois, andamos todos preocupados em salvar o Planeta, a Natureza, mas deixamos de A reconhecer, Dela tudo extraímos, e o que lhe damos senão destruição, poluição, extinção? Ela está em todos os produtos que usamos, olhemos em redor para perceber que a fonte de tudo o que temos é sempre a mesma. Até neste ecrã que lêem agora estas palavras.
E será que a Natureza nos pede para ser salva, ou para ser amada?
E vejam a agora a nossa contradição: Ah, eu gosto muito da Natureza! Adoro ir passear no verde, respirar o ar puro, observar os pássaros e as árvores. Mas como se usar e por fora recursos naturais tornou-se num acto “natural”? Algo não bate certo nesta forma “egoísta” de nos relacionarmos com a Natureza!
E se tivéssemos que explicar isto às crianças?
Imaginem que vossa Mãe vos dá um presente que ela fez com o todo o coração, carinho e amor. Vocês aceitam, nem dizem obrigado, nem dão muito caso, nem reconhecem o valor, e como não podem fazer dinheiro com ele, atiraram-no ao lixo. Mas sem se aperceberem, ela viu silenciosamente sem nada dizer…
Como as crianças iam perceber, sentir esta história? E como nós adultos a percebemos, sentimos?
E para terminar:
Pelas nossas mãos assistimos a Natureza a matar-se a si própria, e nesta história não há inocentes nem mãos limpas. Queremos mesmo continuar a ser responsáveis? De cada um de nós depende a mudança, então que seja cada um a agir pela sua consciência e a procurar as suas respostas, porque a mudança tem começar dentro de cada um, e se começar aí, não serão necessárias mais “imposições” externas para nos obrigar a mudar, certo? Que cada um seja capaz de encontrar os argumentos que lhes toca realmente o coração, para que possa mudar e agir.
Então, se chegamos todos aqui, poderemos todos estar de acordo na nossa resposta, ou não?
Se ainda não ficaste convencido, continua a ler…
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