História do movimento cívico Tara Recuperável

Após anos de acções voluntárias em que recolhi lixo espalhado pela Natureza e tentativas de sensibilização para a importância da reciclagem, cheguei à conclusão de que era necessário tomar uma acção de fundo que mudasse comportamentos.

É impossível manter a natureza limpa quando é maior a quantidade de lixo voluntariamente espalhado, do que voluntariamente limpo. É impossível mudar comportamentos de pessoas para quem a preservação ambiental não é um valor, apenas através de acções pedagógicas.

Ao visitar a Alemanha em Outubro de 2011, verifiquei que a maioria das embalagens das bebidas tinha tara recuperável. O resultado era que as ruas estavam limpas, sem no entanto serem visíveis equipas de limpeza.

Comecei então a reparar nos tipos de lixo que encontrava espalhado pelas cidades e principalmente pelas praias de Portugal. Rapidamente, concluí que a grande maioria eram embalagens de bebidas. E a solução para o lixo pareceu-me óbvia. Um verdadeiro ovo de Colombo. Se as embalagens tivessem valor monetário não seriam atiradas para o chão. Eu nunca vi ninguém atirar dinheiro para o chão. Demorei meses a analisar a questão e a debatê-la.

Até que decidi tomar acção e escrevi o primeiro esboço do manifesto Tara Recuperável. No dia 16 de Maio de 2012 publiquei este manifesto na Web e iniciei o movimento cívico Tara Recuperável.

Eu comecei este movimento sozinho, sem apoio, sem financiamento, sem contactos. Apenas convicto de que esta acção iria contribuir para resolver um problema que nos afecta e afectará as gerações futuras.

Após apenas 1 mês, o grupo do movimento no Facebook já contava com mais de 1300 membros.

Em 2015, a proposta solução Tara Recuperável foi sugerida a todos os partidos políticos portugueses.

O partido ecologista PAN adoptou esta solução no seu programa eleitoral das eleições Legislativas de 2015: medida 51 – criar uma tara recuperável para latas e garrafas de qualquer material.

No dia 15 de junho de 2018, o Projecto-Lei n.º 869/3ª/XIII do PAN que visa a implementação de um sistema de incentivo e depósito de embalagens de bebidas de plástico, vidro e alumínio foi aprovado na generalidade pelo Parlamento da República Portuguesa.

No dia 26 de outubro de 2018 ,a Tara Recuperável foi aprovada na Assembleia Da República De Portugal que originou a publicação da Lei nº69/2018 que estipula no seu Artigo 23.º-C que:
“1 – A partir de 1 de janeiro de 2022 é obrigatória a existência de sistema de depósito de embalagens de bebidas em plástico, vidro, metais ferrosos e alumínio com depósito não reutilizáveis.”

Em julho de 2020, a Sciaena em conjunto com outras organizações, lançou a campanha “Há mar e mar, há usar e recuperar” juntamente com a petição pública “Pela Saúde dos nossos Oceanos, Exija Tara Recuperável!”, para que a implementação efetiva da legislação de tara recuperável não caia no esquecimento.

Em maio de 2023, a petição Há Mar e Mar: há usar e recuperar (HMeM) foi entregue ao Secretário de Estado do Ambiente Hugo Pires.

Em paralelo com as ações para a implementação de Tara Recuperável em Portugal, o nosso movimento contribuiu para a aprovação das seguintes Leis:

A luta continua…

29/09/2023
Daniel Gomes

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