Artur, um menino de 6 anos, que vivia com seus pais e irmã Annie de 1 ano na Califórnia, ansiava a chegada do mês de Agosto. Pela primeira vez iria andar de avião e conhecer a terra dos seus pais, a ilha Terceira do Arquipélago dos Açores. Como quase todos os filhos de imigrantes dos Açores, Artur fala o inglês e o português.
O Sonho de Artur
Artur que sempre sonhou em conhecer de perto o mar e a praia dos Açores, que até então só conhecia pelas fotos e vídeos que seus pais lhe mostravam, ia finalmente ter essa oportunidade. Ele desde cedo, e influenciado pelos seus pais, ambos activistas ambientais, que começou a manifestar uma forte sensibilidade pela Natureza e pelos animais. E como ele diz: quando for grande quero ter uma casinha no campo no meio do verde e do azul, e sim quero ter muitos amigos animais.
E finalmente o sonho ia se concretizar para Artur. Chegou à ilha à noite, e mal dormiu de tanto ansioso, pois no dia seguinte ele iria à praia. Já tinha tudo preparado, a toalha, o fato de banho e ajudou a sua mãe a preparar os brinquedos da sua irmã Annie, que ele como irmão mais velho sempre protegeu.
E a manhã nasceu e já Artur estava pronto para sair. Chegaram à praia, e quanta felicidade transbordava do menino que logo correu para tocar a areia, sentir o cheiro da água salgada e mergulhar no mar. Já mais calmo, e depois de ter realizado o seu sonho, e como sempre observador de tudo o que o rodeia, começou a olhar para a praia atento a todos os pormenores.
Viu que estava na areia uma garrafa de água perdida. E como já era comportamento habitual de Artur, levantou-se e apanhou-a. Desde cedo que Artur aprendeu com seus pais a praticar a Limpeza em Linha Recta. Enquanto isso, a sua irmã Annie brincava na areia pela primeira vez, e como também ela estava feliz.
Artur volta à toalha e vê que a sua irmã estava a brincar com beatas, e prestes a por uma na boca. A mãe assustada tira a beata da mão de Annie e tenta lhe explicar que não se deve por beatas na boca, que fazem mal. Mas como explicar a uma menina de 1 ano, que leva tudo à boca, o que são beatas, e porque tantas estão na praia? Ela não entende.
Artur começa a apanhar beatas na Praia
Artur decidiu fazer alguma coisa. Pegou na garrafinha que tinha guardado para colocar no ecoponto, e só disse à mãe: Quero que Annie possa brincar numa praia sem beatas, vou apanhá-las. A mãe que já conhecia muito bem seu filho, deixou-o ir e apenas disse: Faz o que achas que deves fazer. E lá foi ele motivado e cheio de atitude.
Começou por apanhar as que estavam mais perto de Annie, mas depois de observar bem a areia daquela praia, percebeu que ainda haviam muitas. Decide continuar a apanhar todas as que consegue. Mas decide ir mais longe ainda. Começou a olhar atentamente para todas as pessoas que estavam na praia, e a identificar todos os fumadores. E para quê?
Sempre que via uma pessoa a terminar o seu cigarro, dirigia-se até ela, e com toda a serenidade e paz que o caracterizam, apenas dizia: desculpe senhor, será que me pode dar a sua beata para eu colocar na minha garrafa? Muitos o faziam sem questionar, alguns até deviam pensar que Artur era “maluquinho”, mas ele não desistia da sua missão, acreditava que podia mudar alguma coisa, mesmo sendo só um.
Enquanto andava pela praia encontrou um peixe morto, e não pode deixar de pensar que aquele peixe podia ter morrido por comer uma beata.
Artur podia ser este menino
Artur toca o Coração das Pessoas
Artur e seu comportamento começou a despertar a atenção curiosidade das pessoas que estavam na praia, enquanto seus pais continuavam a acompanhar com o olhar a sua coragem, dedicação e atitude.
Mas um adulto, que observava Artur já há algum tempo, chegou ao pé dele, enquanto ele continuava a juntar beatas na sua garrafinha, e perguntou-lhe: Olá menino, porque estás a apanhar beatas?
E Artur respondeu: Sabes senhor, eu quero que a minha irmã possa brincar numa praia sem beatas, ela não entende que não deve as por na boca, e eu gostava que os peixes e os passarinhos não morressem mais por comerem beatas. E se a minha irmã tivesse engolido uma beata? Ela podia também ter morrido! Muitos de nós não sabem que as as beatas são de plástico e que não são biodegradáveis, elas levam muito tempo a desaparecer e fazem muito mal ao ambiente.
Este adulto, que por acaso também era fumador, que por acaso também era pai, que por acaso admite ter enterrado tantas beatas na areia ou atirado ao chão, não sabia que elas fossem tão perigosas para as crianças, para os animais, para o ambiente. Sempre pensou que elas fossem de cartão ou cortiça como eram antigamente.
Mas sabem o que ele fez? Ele disse: Artur, obrigada por me teres ensinado tanto, nunca pensei que uma beata fosse tão perigosa. Vou-te ajudar, e juntos vamos ter uma praia sem beatas para todos nós. E o que aconteceu depois, podem imaginar? Ficção ou verdade, pode acontecer se acreditarmos!
Atitude é tudo! Podemos ficar indiferentes ou agir…Vamos aprender também com Artur?
Video que mostra a atitude de Artur e o que aconteceu depois:
Apenas um menino foi capaz de fazer tanto. Um menino iniciou um “movimento sem beatas” numa praia e tocou o coração de muitas pessoas! E a ele muitos adultos e crianças se juntaram…
Apenas Artur 
apanhou 270 beatas
Quantas mais foram apanhadas?
“Sozinhos construímos Castelos na Areia, Juntos podemos construir Pirâmides!
Nota:
Os factos reais da história contada por uma pessoa da ilha Terceira: um menino e sua mãe estavam na Prainha, Angra do Heroísmo, da Ilha Terceira-Açores. Eram estrangeiros. O menino delicia-se a brincar na areia fazendo suas construções. A Mãe estava descansada, até que percebe que seu filho estava a usar beatas para decorar as suas construções. Como mãe consciente dos perigos das beatas, claro que fica apavorada. Felizmente este menino não tinha um ano, nem pôs na boca uma beata.
Um especial obrigada à menina das “luzinhas” que partilhou connosco esta história.
Toda a parte da ficção construída à volta destes factos reais, pode ser real, a partir do momento que todos acreditarmos que sim, cada um de nós pode fazer a diferença, não ficando indiferente, mas agindo. E quem sabe esta não é mesmo a história real que um dia ainda alguém nos virá contar? Já há muitos de nós a ser como Artur, mas ainda somos poucos a agir. E como podemos ser mais?
Queres ajudar? Tu podes fazer a diferença como Artur!
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Para pensar:
Foto tirada no Centro da Ciência de Angra do Heroísmo, no decorrer da Exposição de Lixo Marinho: Um Problema Global, do Projecto MARLISCO,
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Para saber mais
- Movimento cívico Portugal sem Beatas
- Vai à Praia e Agacha-te
- Pontas de cigarros envenenam os peixes, Ciência Hoje, 2011.
- As beatas de cigarro são perigosas
- As beatas matam animais
- Cigarette Butt Pollution Project
- Beatas de cigarro poluem milhões de litros de água
Pingback: Juntos por um Mar sem Beatas | TaraRecuperavel.org: para reduzir a poluição causada pelas garrafas e latas