Estudos efectuados a nível internacional, em especial na área do Great Pacific Garbache Patch, indicam que a ingestão de plástico por parte das aves marinhas é directamente responsável pela sua morte.
O exemplo mais estudado é o do Albatroz-de-Layssan Phoebastria immutabilis no Atol de Midway, em pleno Pacífico Norte. Esta espécie pode viajar centenas de quilómetros para encontrar alimento para a sua cria. Estas aves alimentam-se de crustáceos, lulas, e pequenos peixes perto da superfície, sendo assim atraídos por estes pequenos objectos de plástico colorido, que são confundidos com alimento.
Os progenitores armazenam-nos no seu corpo, e levam-nos até à colónia para servirem de alimento para a cria. As crias acabam assim com o estômago cheio de plástico, com o trato digestivo obstruído, até que acabam por morrer à fome.
Rolhas de garrafas, escovas de dentes, isqueiros, e resíduos de pesca são apenas alguns dos objectos mais frequentemente encontrados no estômago das aves encontradas mortas. Estes objectos e fragmentos dos mesmos, depois de arrastados pelas chuvas, rios e sistemas de esgotos acabam irremediavelmente no mar, onde ventos e correntes oceânicas os espalham por todo o oceano.
É fundamental estudar melhor esta problemática, que pode bem ser uma das maiores ameaças à biodiversidade marinha do nosso planeta, e ignorada pela maioria da opinião pública por estar longe da vista.
Nuno Barros, biólogo
Assistente do Programa Marinho da
Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves

Esqueleto de ave marinha cheio de plástico, fotografia de Chis Jordan (ChrisJordan.com)