Em Cabo Verde, cerca de 9 km a Sudeste de São Vicente, encontra-se a ilha de Santa Luzia. Com 13 kms de comprimento e 5 de largura, e sem fontes de água doce acessíveis, a ilha albergou uma pequena comunidade de pastores no séc. XIX, encontrando-se hoje desabitada. A ilha faz parte da Reserva Natural Integral de Santa Luzia, juntamente com os ilhéus Branco e Raso. A Reserva alberga importantes populações de aves e tartarugas-marinhas, assim como de repteis endémicos.
A primeira vez que estive em Santa Luzia, em Jun de 2010, desembarcámos na costa Sul, num pequeno enclave idílico de areia branca e mar azul-turqueza. Mas atravessando a ilha até à costa Norte, o espectáculo é bem mais desolador. Ventos relativamente constante de Norte durante todo o ano, e a influência da corrente das Canárias, fazem com que milhares de toneladas de lixo marinho sejam arrojadas para a maior praia do Norte da ilha, apropriadamente baptizada de ‘Praia dos Achados’. São cerca de 5 kms de fragmentos de plástico, garrafas, latas, redes e armadilhas de pesca, embalagens, escovas de dentes, isqueiros, etc. Centenas de tartarugas-comuns Caretta caretta desovam nesta praia, no meio do plástico. A deambular por aquela lixeira costeira encontrámos ainda 1 cadáver de tartaruga-comum enrolado numa fita de plástico resistente.
Decidimos então tentar averiguar a origem de alguns itens, procurando garrafas ainda com rótulos legíveis. A maior parte dos estavam ilegíveis ou ausentes. Mas as garrafas eram tantas, que em 10 min tínhamos encontrado garrafas com rótulos de França, Espanha, Angola, África do Sul, China, Tailândia e Paraguai. Estas garrafas tanto podem vir directamente dos países de origem, como de barcos de pesca ou de mercadorias.
Apenas para reforçar a ideia de que mar não tem fronteiras, e que os ventos e correntes espalham o que deitamos fora pelos cantos mais recônditos do planeta. Quando uma garrafa de plástico vai parar ao mar, só desaparece da nossa vista.
Nuno Barros, biólogo
Assistente do Programa Marinho da
Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves
A constatação da poluição em Santa Luzia considerada ilha protegida é desoladora ea mesma coisa acontece nas outras ilhas , que podemos fazer ? o que fazer ?
Se as garrafas valessem dinheiro em todo o mundo não acabariam no mar nem na praia.
Eis o que podes começar por fazer já: https://tararecuperavel.org/como-colaborar/
Abraço.
É muito triste ver isso.
Porque nao organizam um grupo d pessoas para ir fazer uma campanha d limpeza?
Eu até puderia ser uma voluntaria a ir 🙂
Olá era rentável uma pequena fabrica de reciclagem, não era necessário custas para recolha , até podiam extender a recolha no resto da ilha para reciclagem
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