Cada vez existem mais ecopontos.
Cada vez reciclamos menos.
Já há algum tempo que reparo que mesmo as pessoas que dizem que gostam muito da Natureza não separam os resíduos em suas casas.
Não se iludam, os resíduos que não são reciclados vão parar à Natureza seja através da terra (aterro), do ar (incineração) ou da água (falhas no sistema de recolha).
Já há algum tempo que reparo que os resíduos depositados separadamente nos ecopontos:
- dos parques e praias, é misturado pelos funcionários;
- dos restaurantes e cafés com certificação Verdoreca, é depositado no contentor do lixo indiferenciado;
- do trabalho, é misturado pelos empregados da limpeza.
Até mesmo em minha própria casa, os resíduos que a minha família separava estavam a ser retirados dos diferentes contentores pela senhora da limpeza para um único saco e a serem depositados no contentor de lixo indiferenciado (que está mesmo ao lado do ecoponto).
Mais deprimente foi testemunhar que outras pessoas partilham estas mesmas experiências.
Podíamos filosofar acerca de causas educacionais, culturais ou sociais para tentar justificar esta falta de consciência ambiental a todos os níveis.
Mas a causa de fundo para a reciclagem de resíduos domésticos em Portugal ser ineficaz é simples:
- Quem recicla não é recompensado.
- Quem polui não é penalizado.
Não é preciso ser psicólogo para saber que por natureza o comportamento humano é pautado por buscar benefícios e evitar danos.
Se não existirem recompensas nem penalizações, é difícil implementar mudanças de comportamentos.
A minha casa está permanentemente a ser inundada por embalagens recicláveis que me obrigam a comprar por estarem incluídas no preço do produtos.
Esforço-me cada vez mais por reduzir e reutilizar.
Porque a reciclagem em Portugal é tratada como uma brincadeira de crianças.
Não como uma questão séria de adultos.