Era uma vez uma linda bebé que tinha sede.
A sua Mamã comprou uma garrafa de plástico com água para dar à sua linda bebé.
Com a pressa, a garrafa caiu no chão da rua.
Muita gente na rua viu a garrafa mas ninguém a apanhou.
Vieram as chuvas e a garrafa de plástico foi parar às margens de um rio que outrora já foram limpas.
Muita gente nas margens viu a garrafa mas ninguém a apanhou.
O rio subiu e levou a garrafa de plástico para uma praia que outrora já fora limpa.
Muita gente na praia viu a garrafa mas ninguém a apanhou.
A garrafa de plástico foi arrastada pelas marés para o mar alto.
Muita gente nos barcos viu a garrafa mas ninguém a apanhou.
Uma baleia engoliu a garrafa de plástico por engano e…
Morreu.
A garrafa de plástico saiu do esqueleto da baleia e voltou a flutuar no mar.
Uma ave julgou que a garrafa fosse comida, deu-lhe umas bicadas, engoliu os pedaços de plástico e…
Morreu.
Os pedaços de plástico da garrafa passaram a flutuar no mar.
Um peixe julgou que fossem comida engoli-os e…
Morreu.
Os pedaços de plástico continuaram a sua triste e inadvertida chacina durante 30 anos.
Até que um dia voltaram à praia onde a garrafa tinha estado.
A Mamã era agora Avó. A sua nova linda bebé era agora a sua netinha. A praia era a mesma que outrora já fora limpa.
A Avó voltou-se para pegar numa toalhita para limpar a papa das bochechas rosadas da sua linda bebé.
Num segundo, a sua linda bebé, rápida e inocente como são as lindas bebés, viu, apanhou, engoliu o pedaço da garrafa de plástico e…
Sentiu uma ponta a cravar-se-lhe na sua pequenina garganta.
Sentiu uma dor como nunca tinha sentido.
Uma aflição como nunca tinha experimentado.
O ar a faltar-lhe…
A sua vidinha. Tão curta, tão inocente. A passar-lhe pelos seus olhos pequeninos que ainda tão pouco tinham visto. Queriam chorar mas não conseguiam. Gritar mas não conseguia.
A vida da sua linda bebé tão pequenina, tão curta…a desaparecer…
Se a sua Avó soubesse, nunca teria comprado a maldita garrafa de plástico com água.
Se a sua Avó soubesse, teria apanhado do chão todas as garrafas de plástico que encontrasse.
Se a sua Avó soubesse, teria feito muito mais para que esta tragédia nunca tivesse acontecido.
Se a sua Avó soubesse, não teria sido necessário o milagre que aconteceu quando a sua linda bebé, no meio de gritos e aflição, buscou as forças que só os bebes têm, e vomitou o maldito pedaço da garrafa de plástico.
Encheu os seus pulmõezinhos como se fosse a primeira vez e Respirou!
Se a sua Avó soubesse, não tinha atirado o maldito pedaço de plástico de volta para o mar…
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